Num mundo de luz e sombras, há a focagem natural de um olhar. Movimenta-se nesse enquadramento, fechando-se umas vezes, abrindo-se outras tantas, numa ondulação vigilante, incorporando as leis da cosmologia simbólica. Resta saber o que escolhemos; se a noite, se o dia. Mas isso também nada nos diz, se não soubermos distinguir de olhos fechados, onde reside o ser que nos vai aliviando da cegueira em que vivemos, emparedados nestes movimentos fechados. Aguardar pela sintonia de um corpo, é estabelecer a ligação e aceder aos mais altos níveis sensoriais, transcendendo os lugares físicos, através de um processo natural, onde ele se encontre, sabendo que na terra, há um local onde ele está na sua plenitude. Um só!
Desajustamos os meios que medeiam as palavras, transportando-as para um mundo que nos fará ver tudo através de vitrais acostumados a certos parâmetros na visibilidade da luz, contudo, há um prolongamento perfilado nos papéis resguardados da memória, que nos dirá de um mundo e da sua forma, sem sairmos do nosso circulo geométrico. É esta visão, respeitada por todos os membros que saibam desempenhar, cada um o seu papel, sempre que os olhares se fechem e tracem a tangente que divide o absorto mundo, num todo absoluto. Aí, reside a força maior que somos nós, num conjunto formado por diferentes máscaras a corroer-nos a face e a denegrir-nos o olhar que nos traz e nos leva.
Sairmos deste quadro analítico e saltarmos para uma verdade estável e duradoura, é sentir que nas profundezas de um corpo, está um dispositivo que se enquadra nas mediações da mente, acordando o espírito para a necessidade mais básica do ser humano: ser em todas dimensões que existem, além de nós e em nós.
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