quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Traços Indeléveis


quando os momentos nostálgicos
nos trazem afagos desmedidos
não há temporal que nos abane as estruturas....

*
há sempre um tempo para descansar
no parapeito de uma janela aberta,
e tracejar os sentimentos com tinta indelével..
*

O Amor



peça única que trajamos e não conhecemos,
a não ser quando nos toca e molda a alma
*
aí, veremos em todos os encontros
a luz
a indicar-nos os vários caminhos
que nos conduzem
ao ponto da única verdade

O Amor !


quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Puro Mel

Esperava sempre por vós
neste caminhar
pelo mundo das palavras
mas em muitas palavras
nos desencontrámos
enquanto em outras
nos deixávamos levar
sem pensar em mais nada


O Mundo Para Lá de Um Olhar



terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Chá Para Dois? (P/Anamar)

(imagem google - geometria sagrada)
*
Sei que te desnudas para seguires outros destinos
Sei do quanto amas intensamente a vida
Mas tu sabes que jamais ouvirás os sons da alma
Se não amares para lá da vida
E sabes o quanto me refaço para entender os teus sinais

(Mas…
Para quê inverter o destino
Submeter-nos às doces maravilhas do mundo
Se ele sofre no nosso colo
Inanimado
Calado
Ensanguentado
Sucumbindo até num novo alvorecer ?)

Sei-te mais que uma só Mulher
Viajando nos sonhos teus
Para me encontrares nos sonhos meus
Mas olha as várias luas que te abraçam
E o deserto que te suga os poros húmidos
E te realçam a aura límpida
Aglutinada pelos mares de outrora

Há um silêncio esmiuçando a vida
Que dedilhas sempre que olhas o céu
Há um deserto afundado
Nos rios que correm para o mar
E esses já te conhecem
Através de um novo olhar

Bebe deste cálice
O suco que te adoça os lábios
Iguarias trazidas das profundezas dos oceanos
Só para ti

Chá para dois?

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Avatar


Já nem sei quem sou
Estou camuflado
Vagueio inerte entre um e outro sonho
No meu corpo ficaram as veias
E um sono dormente associado
Ao meu sangue quente

Abro os olhos
Vislumbro novos caminhos
E sinto este frenético toque no meu peito
É este o mundo inteiro que me viu nascer

Mas…
O outro que passou a barreira do tempo
E se aquietou num outro espaço
E cai moribundo do lado de lá
Sempre que meus olhos
Se abrem do lado de cá?

(Escuto sons
Sinto náuseas,
Tantas aflições
Grilhões nos pés
Já nem sei quem sou)

Tantas dores na lentidão dos meus passos
E esta brisa suave
E esta claridade esvoaçante
Vinda das montanhas
Que flutuam no céu
Alterando-lhe a cor original

Há um fogo inquietante
Para lá deste solo quente
Há outros céus e estrelas cintilantes
E sombras bélicas que caminham sobre o véu

(Céus ! Que magia sofredora
Que invenção
Caiu na minha mão?
Como seguir-te neste amontoado de pétalas brancas
Como alcançar as almas adormecidas
Sementes enriquecidas
Tresmalhadas
E esquartejadas
Pelos gigantes que rasgam o céu?)

Serão outras forças
Invenções
Constelações
Migrações
Avatares pelo mundo
Que Zeus não conheceu
*
(Inspirado no filme Avatar)

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Rebanho Multicolor

(Foto tirada por mim, na minha aldeia
*
Abocanham-se
Idolatram-se
Perdem-se
Encontram-se
Mutilam-se
Concretizam-se
E beijam-se
Em frente das multidões

Carentes de um novo mundo
Soerguidos do nada
Que lhes resta
Vão contornando as contas
De um rosário às cores
*
Predestinados os caminhos
Já não vão ser precisos
Tantos sorrisos
Sucumbiram à nascença
Enquanto os rebanhos
Se alimentavam
Dos seus próprios excrementos
E a terra se adubava
E esperava por novos
Povoamentos multicolores

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Predadores


Tenho-os na mira
Será só um amanhã
Ou um hoje que me prende no escuro
Ou serão só versos doentes
Predestinados a ser verdade inteira
Sobre o amor que lhes escorre
Pelos cantos da boca

Predadores que se destinam
A criar desejos
Através da morbidez acutilante nos actos
Que esperam que a noite caia

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Sucumbiu Um Alento (P/José António Antunes)

(Imagem Google)
*
Se por um punhado de palavras
te conduzisse pelas terras governadas
pelos navegantes dos mares
elas, as terras seriam mais recatadas
quando da força dos ventos
e deixariam de ser trocadas
por uma qualquer maré negra
arremessada por um qualquer
pé de vento


Se por um acaso me esquecer de ti
à porta de um moinho ao relento
e através da força motriz
me entregar à brisa quente
não fui que me fui


Sucumbiu um alento
*
Agradeço a inspiração num outro de José Antunes aqui:
http://www.worldartfriends.com/modules/publisher/article.php?storyid=16895&com_id=63082&com_rootid=63082&com_mode=thread&#comment63082

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Trilhos (P/Vânia Lopez)

(Imagem google)
*
Talhados pelas mãos do destino
ou por quem nos molda os dias
em jeito de sina
breve, muito breve
consente-se no triunfo
enquanto a noite é menina
e os dias passam desnorteados

Sem eira nem beira
acostumados a serem um só
nos trilhos pensados
ficam sós nos telhados das casas
enquanto a noite adormece no teu sorriso
*
Agradeço â Vânia pela inspiração aqui:
http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=108699