quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O Mundo para lá dos espelhos


Ficaste parado, como por encanto enquanto eu passava por ti. Nada disseste e eu nada fiz para te tirar dessa espécie de letargia em que te encontras.
Sabes como passo as noites?
Lembrando e reconstituindo cenas, descodificando os teus sinais. Passearam-se pelo véu que me cobria o corpo, sentia-o leve, muito leve e a maciez bailava no meu corpo que se encontrava lado-a-lado com as estrelas esvaídas a nossos pés. Lembro-me bem do teu sorriso, sempre que me aconchegava num manto dourado que me conduzia sempre para o mundo para lá dos espelhos. Reflexos de um mundo onde coabitava a dor entre os escombros. Há um perigo eminente em cada esquina dobrada, em cada mácula disfarçada, em cada momento calado, em cada corpo mal amado e em cada rosto mal tratado. Já nem o nada me aceita nestes submundos onde habita a minha alma disfarçada, mas há nesta cidade, um caminho íngreme que se põe sempre a descoberto. È só aprender a escalar montanhas, e a facilidade com que o dobramos é aos olhos de mundo pintura abstracta, em rostos sem nome.

Tento que a minha sede seja saciada, quando te encontrar nesses recantos onde dormes há já tantos anos passados. Não me lembro de nada que me faça voltar a temer por gestos inconsequentes, quando ainda era só centelha vazia no fundo da tua alma. Foi ela que me lembrou que saí deste ventre imaculado. Sabes que há certezas que nos alimentam esta vontade de ir ao fundo, e estes submundos acorrentados já me acolheram em tantos voos, que mesmo sem vontade, deambulo sem destino. A luz que me alumiava o caminho está frouxa e eu não sei como abrir as portas à luz que amortece no meu olhar. Se quisesses seríamos a lucidez e paralelamente alguma certeza de cairmos nos braços de uma noite só nossa. Crescem-me nas mãos as flores que pisaste, quando interrompeste o nosso destino e há caminhos soltos na aridez das fragas soltas que se cobrem de gotículas roxas que carregas nesse fardo leve.

Há nesta cidade uma cegueira enfileirada lá para os lados da nascente. Eu, aqui me encontro ensaiando as dores do desejo que por ti escorre.
Jaz no meu corpo.
Quase sempre saio á rua para sentir esta combustão que arrasto nas pupilas dos meus olhos
(Divino Pintor -Óleo S/Tela)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Náufragos (p/Joma sipe)



Jamais te evadirás deste jardim. Há sementes largadas neste chão que piso e na limpidez das águas, há um esboço de ti que anseia pelo novo clarear do mundo.
Nos sonhos que percorro, há uma fonte inesgotável que jamais secará enquanto estiveres por perto. Sei-Te nessa imensidão, onde os momentos são eternos e há planícies inteiras à espera do sol do verão....

(Recomeço sempre que te ouço chegar)

Continuo desbravando o Sol intenso do teu olhar. Fecundei-o no meu peito, em dias sem sol no mar. Há neste caminhar, um encontro que se avizinha numa imensidão de vastas planícies que emergem para lá do firmamento. Caminho sempre rumo à liberdade do Ser e entre as férteis searas relembro sempre o teu rosto magro, enfeitando os meus dias. Há na luz que me alumia, um pacto trazido pelas estrelas que caíram um dia.

(Lembras quando foi que nos beijaram e nos conduziram para sul?)

Ficaram os ornamentos e partiram os desejos de ti em mim. Porque será que secaram todas as rosas que plantei nesse jardim? Porque me tomas desse jeito anémico se sou já a fuga nos caminhos que trilhamos? Há na candura da minha alma, um apagão...Já nada se move e nem as folhas secas no fim do verão...Sou só brisa que abraças...

Há em cada palavra tua, a respiração certa para te afirmares na força das marés, nesse encontro que te espera no lusco-fusco...Semeias a luz por onde passas; em cada sílaba, em cada verbo, em cada sol posto, e até na ausência de luz, esse teu cansaço reluz.
(Saúda-te daqui, este divino presente em mim e em ti)
Uma presença sempre presente nas noites em que os fantasmas te invadem e te dizem como deverás cair nas malhas da uma singela paixão. É onde tudo se mostra quando da unificação dos Deuses, e tu calas paixões que te assolam a cada instante...
Toma-me neste abraço, partilhando comigo as noites que velam por todos os náufragos. Há vidas por descobrir nas luzes da ribalta, mas dessas já te esqueceste porque existes na tua própria luz. É nela que me encontro, sempre que habito um lugar disforme na terra que me viu nascer antes do tempo. Tenro de idade e de vidas deixadas noutras eras, te volveste interno ao ventre que te viu crescer. Diz-me de ti nesse mar profundo onde habitas que te quero encontrar para lá de mim. Dá-me só um sinal, que me quero ver no teu corpo a caminhar por sobre as vestes que carregas. Serei amante interna do teu querer renascer de novo...
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Agradeço a inspiração deste texto a Joma sipe, aqui:

Aguardo que te acomodes nos meus olhos


...Lembro o dia em que caí na noite e dormi sem parar. Já nada me satisfaz, se não caminhares comigo. Persigo-te mas não deixo de ouvir os sons que dormitam neste rua deserta, que são quase sempre, sons diversos trazidos pelos ventos do norte. Sons que se diluem na penumbra dos dias, e os meus olhos acabam sempre por cair na densidade de um sonho perdido.

A cidade que se esconde sempre nas noites frias de inverno, deixa-me neste estado de encantamento, e eu sem saber como fugir desta encruzilhada, caminho sem destino ao encontro do outro lado do mundo, e aí, lembro-me sempre do teu sorriso e das lágrimas que me caiam sacudidas pelas marés. Fico sempre com um medo terrível de não chegar a tempo de te ver caminhar sobre os meus sonhos, e de não sentir o toque das tuas mãos a afagar o meu corpo ardente.

(Estas sensações que se querem nuas, sempre que os teus olhos se cruzam na atmosfera, esperando a formação de outros caminhos a descoberto).

Serão eles que me levarão a ver as várias faces do teu mundo, aquele que nunca pressenti que existisse, se não fossem as tuas mãos estendidas e carregadas de afectos que saciaram a minha sede de te beijar. Se pudesses levar-me contigo, seriam eternos os nossos passos e eu abraçava todas as manhãs, esse delicioso néctar da vida, que é sentir-te escorrer em gotas perdidas na minha boca. Abre-se na certeza de te acolher esse gosto a maresia, esse sol posto sempre que no meu peito há o toque dos teus lábios mornos da cor do teu desejo. Já nada me surpreende, se tomares de assalto este caminho que piso e te esvaíres no meu próprio sonho. Servir-te-á para acrescentares aos teus passos mais um sonho morto pelos teus próprios pés, e eu, ficarei na divisão do tempo, à espera que novos caminhos se convertam em novos ideais. No entanto, asseguro-te que aguardo que te acomodes nos meus olhos. Serão eles que te conduzirão na abertura dos sonhos colados ao teu corpo, enquanto te perdes por caminhos imprecisos, arrastados pelas marés...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Encontros


Existem rostos deformados, díspares ao longo dos caminhos.
Serão eles que nos ligarão á nova terra onde se misturam todos os olhares trancados, todas as bocas famintas, todos os abraços maculados... Escondem-se nesse ermo onde existes só, porque te excluíste deste círculo, onde guardo todos os teus sorrisos. Há pelo menos duas condições para os encontrar e os encostar ao silêncio do meu corpo;
uma será sempre nos segredos guardados na toca do mundo,
a outra será sempre num olhar esquecido na penumbra da noite.

Mal amanhados, os feixes de luz que carrego nos ombros. Deixei-os deslizar por entre os meus braços nus e tu conseguiste alcançar a terra infame, onde os habitantes se perderam da chama crescente.
Seria assim que nos veria neste novo encontro;
tu continuarias pena leve voando no Universo,
eu seria quase sempre eco perdido na aridez montanhosa, grito confuso nos adornos quentes do teu leito.
Os sons ecoam livres à passagem da aurora. Tu e eu alcançamos os diferentes enigmas que deslizam pelas cores imaculadas.

Coitados, se nem costumam dançar a par com as estrelas

Os Nossos Olhares Tocam-se na Força do Ventos (Dueto com Jomasipe)


Uma longa manhã desperta nas pradarias próximas,
arranco-te dos sepulcros e aprisiono-te a mim,
gelo-me por dentro, silencio a dor,
ceifo as amarras ocultas e misturo-me contigo.
Acalento as brasas nos portais do espírito,
trespasso as colunas no templo interior.
Dou-me com os ciprestes e as aves selvagens,
dou-me contigo, numa miragem de fogo eterno.


Avisto-te ao longe e finjo ser outra !
Oferto-te a nudez plena da minha consciência,
na purificação da minha alma,
desprendo-me de mim
e arrumo a bagagem pesada que carrego.
À transparência me denuncio
na minha demência.
São eternos os gestos que gastei no templo.
Os nossos olhares tocam-se na força dos ventos.
Foi lá que gastei todas as imundices trajadas,
no rigor dos tempos,
e estou a um passo de me trair contigo.


Cansei-me dos olhares calados e moribundos,
ardi nos lampejos nublados, crepúsculos inocentes.
Para que serve a chama alada, a purificadora da manhã,
incensário abandonado, fumos que já não se sentem?
Cantei-me a mim mesmo para afugentar o silêncio,
busquei-te nos bosques penetrados no fim da tarde,
Vem, sacia a minha boca com frutos doces,
dá-me do teu mel, cultivado nas colmeias em ti.


Caminho em teu rosto curvado!
Vê como se alonga este meu passo na divisão dos medos.
Se soubesses como quero penetrar na tua boca quente,
desprender-me desta teia amargurada…
Há doçura estendida nos lagares da minha casa
e beijos calados no meu regaço
Mas é na imensidão do teu colo que me abro a ti
Sou gruta aberta nesse mar calado

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Versos Nus...

Serão sempre as tristezas
Envoltas num manto leve de poesia
Que me farão escrever...
Sobre a alegria
Mergulhada na penumbra dos dias

Serão sempre os rostos caídos
Em mortalhas saciadas
Da fome de corpos sãos
E da sede de bocas loucas
Que me farão escrever
Um conto em teu corpo

Serão cânticos na noite
Versos nus na tua boca quente
Flores perfumadas
Em jardins inventados
Serão sempre feitiços quebrados

E nós seremos uma só palavra
A brotar da terra
Raízes secas no calor
De bocas adormecidas
Até à chegada da primavera

Afagos


Sentir que cabem nos meus olhos
Lágrimas correntes
Orvalhadas
Dissecadas
Disseminadas
E eu sem um poema
Para tas descrever…

São como os gestos gastos
No silêncio das palavras
São veios carregados de suor
De corpos sofridos
Da dor do amor
Que nunca foi
Senão uma fonte
De gotículas em cascata
Pelo mundo dos meus sonhos

Loucura é saber dizer o que não quero
É escrever-te versos
Que te mentem
E te sangram por dentro
Loucura é caminhar no tempo
Em que as palavras eram ternas
Afagos soltos pela manhã

Ameniza este sentir
Este corpo que sente
Que nas palavras há tanto
Mas tanto medo
Que se revezam sempre
Nas noites em segredo

Escrevo-te agora
Neste bailado acrobático
Onde as palavras ganham formas
É Ser EU e TU
Sempre que às portas da morte
Nos encontramos
E ainda assim sorrimos…

Unificação


Contigo serei mais um quadrante inteiro
No universo translúcido…

À imagem de ti serei unificação
Nos ecos do tempo
Trarei a paz recolhida
Nas minhas mãos em sangue
E perder-me-ei nas sombras
Da inexistência

Mas serei sempre
Na transparência dos dias
E nas chamas
De um sol resplandecente
Uma só imagem
Na corrente que passa

Vês-me daí?
Desse céu, desse mar,
Terráqueo num movimento circular
Ouves-me no meu lento caminhar?

O Manto dos Deuses


Caminho sempre nos degraus que se sobrepõem no dorso dos Deuses. Foram eles que me ajudaram a compreender esta latitude morna, este desconforto silencioso onde me estendo à noite, sempre que me deito sobre amores perdidos e acorrentados nos tons acobreados da minha mente. Men(t)iria se não te dissesse que a minha face se dispõe ao toque dos teus lábios que quero junto ao gosto frutuoso da minha boca quente. Consinto nesse toque, exalando perfume por todos os poros da minha pele. Estarás pronto para o acolher nas tuas mãos? Seriam rosas para o senhor de todos os mundos que conheço. São mundos internos a desbravar, testemunhos soltos, vozes a murmurar, cânticos silenciosos onde a noite também adormece e se esquece de que amar, é descobrir-se nas sonâmbulas sombras e caminhar sobre os corpos adornados numa noite solitária.Uivam os ventos tardios, salivam as bocas quentes, esquentam-se os rumores do rio e nas correntes tardias, transportam-se milénios de mundos tristes, tal como o meu sorriso agora que te lembra na longevidade do tempo.

Tenho sede e fome de ti!

Matar estas necessidades básicas, é sentir na comunhão da alma que já nada sobrevive, se cair sobre a terra esta paixão que me queima por dentro. Matar a sede com absinto, é uma constatação de que a alma é uma guerreira libertadora dos prazeres comungados na dor e na exaltação de um corpo coberto com o manto dos Deuses.

Há no silêncio da noite um som que se esmera e se enquadra neste olhar perdido. Fui ver-te passar de longe mas não viste o meu abraço envolto num xaile de seda pura. Assim são os braços que te acolhem sempre que há momentos esquecidos de nós nestes becos escuros, nesta cidade fantasma.

Olhares Cativos


Reencontrei-me no teu corpo
E reinventei-me na tua face
No tempo em que adormecia
Num sorriso teu
Outros houve em que chorei
Por um único tempo
Nos teus braços

Afaga a minh’alma
Que m’adentro no mar alto
Ao encontro de um Deus Maior
Que exalte os náufragos
De tempos consagrados
Que nas marés baixas
Há olhares cativos

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Decadência

Abomino-te alma impura
E decadente
Por nascer na minha fonte
Essa sede rarefeita
Que caminha
Em meus seios imortais

No olhar…
A fome de quem beija
E de quem dorme
E um lamento
À chegada de outras eras
E outros ais

Enlaço-me no teu sonho
Porque sofro nesta estrada infame
Onde caiu a desgraça
E se tolheu de dor
Por ser um só nome
Entre iguais

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Não Morras Já

Há na morte um caminhar para a vida mesmo que essa mesma vida seja feita de pedaços...sofridos. Vivo renovando as espécies que há em mim, desde que me sinto parte deste mundo nos momentos imprecisos. O sonho foi-se com o passar do tempo, num só tempo de vertigens. Caí no mesmo erro em que caem todos os passos certeiros na direcção incerta de um mesmo passo desmedido. Querendo, somos todos iguais, apesar das diferenças que nos pesam nos caminhos que se alongam nesta terra, neste mar e neste céu.

Caminho sem olhar para trás. A minha sombra quedou-se na penumbra deste silêncio corcunda, que desliza por sobre os telhados partidos das casas. Mesmo assim, de lá, consigo ver uma nesga do céu que se encolhe em meus braços, e me levanta das mãos os estilhaços ainda em sangue das vidraças que partiram e rasgaram a minha pele sofrida. Continuo esta senda na humidade da noite que é tão longa nesta praça.

(Queria tanto oferecer-te um sonho daqueles que nunca ninguém viu, mas todo o mundo já sentiu)

Ouves os meus passos ? Caminham certos mas sem retorno, nem fadiga de tanto desconsolo neste chão. Espero por ti. Não morras já que me quero ver nos teus braços enlaçada. Quero comer do fruto maduro, rebolar-me no teu peito, e sobre a terra, estender o meu corpo nu, ao encontro e um sol nascente. Cavo todos os torrões, até encontrar a semente que lancei, quando ainda éramos loucos por sargaços e enseadas neste acentuado cume.

(Farei rolar sobre a terra todos os sóis esquecidos no meu olhar e as casas voltarão a abrir as portas ao teu sorriso)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Calem-se as Vozes


Invertam-se as palavras
E construam-se novos temas
Em terra fértil de sonhos

Calem-se as vozes
E continuem a dobrar-se os sinos
Tolhidos das igrejas

(Sabem quando foi a última vez
Que tocaram às almas?)
Eu estava lá e ouvi !

A terra tremeu de frio
A vontade foi de fio a pavio
Maresia solta
E eu acolhi-te à minha mesa

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Coisas Outras, Sonhos Muitos


Fadados os sonhos que se soltam
Das entranhas de quem ama
E se desnuda
Arrancando das mortalhas
Outros voos
Outras sortes

E os malfadados anseios
De quem não sabe
Que a sensatez é suave
Mas pobre a mesquinhez
Que se encontre
Nas palmas de suas mãos
Em outros escritos
Outros motes

Desliza no meu corpo
Brisa suave
Dando forma aos actos
Mitos de outros fins
Na loucura outras bocas
Abocanham insaciáveis
Outros choros retardados

E o verão que não chega
Pra lavrar a terra
Onde semeei a utópica realidade
De coisas outras
De sonhos muitos
Por mim esperados

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Rostos Sem Nome

( Imagem Google)

Já não sei que faço nestes caminhos cruzados. Impera um silêncio mais que balizado contra os muros da minha cidade. Aqui há marcas de nós que anunciam a chegada de invernos tenebrosos. São eles que nos lembram dos caminhos que temos ainda que percorrer até concluirmos um processo que nos fará nascer de novo do mesmo ventre. Cairão por sobre a terra, todos os estigmas afundados no deserto, quando ainda não sabíamos onde iríamos depositar os olhares nocivos de um verão quente e abrasador.

(Esquece quem sou. Encontro-me já no limite imposto por ti na roda da vida.)

Há sinais continuados numa rua deserta e um olhar perdido à procura de um rosto sem nome. A esta distância já nem se vêem os holofotes que se dispuseram a alumiar os nossos passos. Sempre que os nossos caminhos se encontrarem, haverá de ser à chegada da primavera, numa sequência de imagens soltas, pinceladas com as cores índigo em noites brilhantes de lua cheia. Acerquei-me destes tempos em que meus olhos foram retendo as lágrimas por ti saciadas. Sofri por nós neste registo afundado, e tu nem deste por nada, tal era o mar revolto em teu corpo amaldiçoado.

(Até conseguir ter colada à minha, a tua mão, há um novo limite de tempo).

Somos um só corpo e um olhar desfocado no horizonte. Lá, chegaram já todas as estrelas, mas o mar continua parado à espera do encontro final. Tu não sabes para onde vou sempre que me encontro acompanhada, e eu, opto por ficar sentada, esperando que um fio da noite me ligue a um outro ponto desta cidade.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

À Flor Da Pele


Foto de Grace Olsson (http://www.olhares.com/)

Semeias no meu corpo nu
Um gosto amargo
Embevecido
Em lábios fartos
E odores lascivos

À flor da pele
Floresce um sorriso cru
Triste este sabor
Que s'entorna
Na minha boca quente

Velo por nós
Nestes caminhos só nossos
E encontro-te sempre
Que a céu aberto
Se solta um sorriso fértil
De aromas

domingo, 4 de outubro de 2009

Só Palavras

Palavras sem retorno
Palavras que se esvaem
Na profundidade
De um verso ritmado
Onde o poema se dita
Em plena consciência
De quem sente
E sabe que simplesmente
Serão eterna(mente)
Só palavras