sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Rostos Sem Nome

( Imagem Google)

Já não sei que faço nestes caminhos cruzados. Impera um silêncio mais que balizado contra os muros da minha cidade. Aqui há marcas de nós que anunciam a chegada de invernos tenebrosos. São eles que nos lembram dos caminhos que temos ainda que percorrer até concluirmos um processo que nos fará nascer de novo do mesmo ventre. Cairão por sobre a terra, todos os estigmas afundados no deserto, quando ainda não sabíamos onde iríamos depositar os olhares nocivos de um verão quente e abrasador.

(Esquece quem sou. Encontro-me já no limite imposto por ti na roda da vida.)

Há sinais continuados numa rua deserta e um olhar perdido à procura de um rosto sem nome. A esta distância já nem se vêem os holofotes que se dispuseram a alumiar os nossos passos. Sempre que os nossos caminhos se encontrarem, haverá de ser à chegada da primavera, numa sequência de imagens soltas, pinceladas com as cores índigo em noites brilhantes de lua cheia. Acerquei-me destes tempos em que meus olhos foram retendo as lágrimas por ti saciadas. Sofri por nós neste registo afundado, e tu nem deste por nada, tal era o mar revolto em teu corpo amaldiçoado.

(Até conseguir ter colada à minha, a tua mão, há um novo limite de tempo).

Somos um só corpo e um olhar desfocado no horizonte. Lá, chegaram já todas as estrelas, mas o mar continua parado à espera do encontro final. Tu não sabes para onde vou sempre que me encontro acompanhada, e eu, opto por ficar sentada, esperando que um fio da noite me ligue a um outro ponto desta cidade.

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