...Lembro o dia em que caí na noite e dormi sem parar. Já nada me satisfaz, se não caminhares comigo. Persigo-te mas não deixo de ouvir os sons que dormitam neste rua deserta, que são quase sempre, sons diversos trazidos pelos ventos do norte. Sons que se diluem na penumbra dos dias, e os meus olhos acabam sempre por cair na densidade de um sonho perdido.
A cidade que se esconde sempre nas noites frias de inverno, deixa-me neste estado de encantamento, e eu sem saber como fugir desta encruzilhada, caminho sem destino ao encontro do outro lado do mundo, e aí, lembro-me sempre do teu sorriso e das lágrimas que me caiam sacudidas pelas marés. Fico sempre com um medo terrível de não chegar a tempo de te ver caminhar sobre os meus sonhos, e de não sentir o toque das tuas mãos a afagar o meu corpo ardente.
(Estas sensações que se querem nuas, sempre que os teus olhos se cruzam na atmosfera, esperando a formação de outros caminhos a descoberto).
Serão eles que me levarão a ver as várias faces do teu mundo, aquele que nunca pressenti que existisse, se não fossem as tuas mãos estendidas e carregadas de afectos que saciaram a minha sede de te beijar. Se pudesses levar-me contigo, seriam eternos os nossos passos e eu abraçava todas as manhãs, esse delicioso néctar da vida, que é sentir-te escorrer em gotas perdidas na minha boca. Abre-se na certeza de te acolher esse gosto a maresia, esse sol posto sempre que no meu peito há o toque dos teus lábios mornos da cor do teu desejo. Já nada me surpreende, se tomares de assalto este caminho que piso e te esvaíres no meu próprio sonho. Servir-te-á para acrescentares aos teus passos mais um sonho morto pelos teus próprios pés, e eu, ficarei na divisão do tempo, à espera que novos caminhos se convertam em novos ideais. No entanto, asseguro-te que aguardo que te acomodes nos meus olhos. Serão eles que te conduzirão na abertura dos sonhos colados ao teu corpo, enquanto te perdes por caminhos imprecisos, arrastados pelas marés...
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