segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Avatar


Já nem sei quem sou
Estou camuflado
Vagueio inerte entre um e outro sonho
No meu corpo ficaram as veias
E um sono dormente associado
Ao meu sangue quente

Abro os olhos
Vislumbro novos caminhos
E sinto este frenético toque no meu peito
É este o mundo inteiro que me viu nascer

Mas…
O outro que passou a barreira do tempo
E se aquietou num outro espaço
E cai moribundo do lado de lá
Sempre que meus olhos
Se abrem do lado de cá?

(Escuto sons
Sinto náuseas,
Tantas aflições
Grilhões nos pés
Já nem sei quem sou)

Tantas dores na lentidão dos meus passos
E esta brisa suave
E esta claridade esvoaçante
Vinda das montanhas
Que flutuam no céu
Alterando-lhe a cor original

Há um fogo inquietante
Para lá deste solo quente
Há outros céus e estrelas cintilantes
E sombras bélicas que caminham sobre o véu

(Céus ! Que magia sofredora
Que invenção
Caiu na minha mão?
Como seguir-te neste amontoado de pétalas brancas
Como alcançar as almas adormecidas
Sementes enriquecidas
Tresmalhadas
E esquartejadas
Pelos gigantes que rasgam o céu?)

Serão outras forças
Invenções
Constelações
Migrações
Avatares pelo mundo
Que Zeus não conheceu
*
(Inspirado no filme Avatar)

1 comentário:

  1. Olá, Matilde

    Muitos vezes nos perdemos de nós, não sabemos quem somos, para onde vamos...

    Belo poema!

    Um bom ano de 2010!

    Beijinhos

    Gil

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