segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Vem Caminhar Comigo


Quero ouvir-te em histórias antigas, mas cantadas nos telhados das novas casas, a abafar o bolor característico dos espaços fechados. Por isso, me dou às cegas pelas pradarias longínquas, onde há ecos mudos e um sol que nasce sempre que a noite é finita. Só aí, há um cântico aberto ao mundo que me escuta e que sustenta as lágrimas que se despenham nas minhas mãos. Há um misto de saudade que se esvai por entre os dedos semi-abertos e não sei já falar, desta dor que me consome o peito, quando me dou inteira a ti.

Sôfrega do mar, fugi para longe, e dirigi-me para sul. Lá os sonhos são mais azuis e as gentes vivem na calmaria de desejos mais ou menos cristalizados. Sofrem as dores de parto antes do tempo, e as forças benignas trazem cantares longínquos de outras eras, em que os registos passaram de mera informação, para uma profunda constatação dos factos reais, em que o equilíbrio, não passa já, de manufactura do acaso.

Afundei-me nesse mar que vi!

Mas, sofro neste silêncio amarfanhado, sempre que o fardo dos anos me deixa morta de cansaço e desprendo-me das horas todas, em completo desleixo. Caminho agora sem destino, e há um som perdido que me encontra sobre esta medida exacta, que é o mundo no sossego das minhas mãos. Ele diz-me sempre como chegar ao topo, mas lá, há estrelas cadentes que se esfregam nos meus olhos, e a cegueira traz-me imagens doentes de quando o mundo sofria. Sofria tanto, que até os olhares que carrego me abominam em cada círculo, geometricamente traçado à roda dos meus olhos.

Triste sina!

É fria a sua voz, e caminha cansado do destino que lhe coube á sorte. Há sortes assim! A minha ainda não foi lançada, para que no meu ventre, encontre a essência desmesurada e te entregue a noite assim, cansada de mim e do nada que fui, enquanto dormias. Assim, vou deslizando, lenta, mas caminhante, através destes movimentos obtusos, e paralisados através do medo que me rouba o sono. Os candeeiros apagam-se, e a noite finda, volta ao seu estado original. Há um protótipo do vazio esperando por nós, e na matriz, jaz o cálice da vida que carrego há tantos anos.

Quero-te muito, mas não suporto este fardo antigo. Vem caminhar comigo

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