quarta-feira, 3 de junho de 2015

Dimensões VI - Consciência

Desenham-se na minha memória as mais variadas figuras. Avisam-me de um perigo eminente, se não consentir no seu desejo maior, que é, sabê-la no alforge do conhecimento da vida, que nunca será medida por um punhado de ideias, antes  uma forma continuada no mundo do saber. Quero que me guie, sempre que me encontre a cair num poço sem fundo, que dizem ser o lugar da fome. Quero que me lembre que não passo de um simples nome a alimentar níveis de consciência. Tão profundo é este sentir que me faz ver que tudo será uma mais-valia, quando chegar o momento da despedida. Só aqui saberei olhar o mundo, e dizê-lo por certo, nas memórias de uma vida.


Posso ser outra verdade enquanto figurante desta minha história. Há dias que se apresenta uma verdadeira história, já outros, o seu brilho é um foco descontinuado nas figuras geométricas que desenharam o mundo. Tão perto que estou desta verdade, porém esqueço quem sou, e ao que vim, porque me estranho nestes lugares vazios, nestes terminais de um corpo que se sente perdido numa qualquer errata imaginária. Se fosse um deus menor, viveria às custas de um Deus Maior, contudo, como simples mortal, satisfazem-me as necessidades do corpo e da mente, enquanto me deixam a morrer de fome, outras verdades. 

Gosto desta verdade, quando me afundo, nua, no silêncio que fecunda a noite. Sinto-lhe a frieza nocturna, mas logo me vejo sua companheira de todas as noites. Passo assim, a ser pedra com pedra, noite com noite, mas, dia sem dia. Preciso vencer o medo de me refazer nas madrugadas.

Há um poder imenso que me traz à clara realidade. Será esta que me lembrará quem sou sem ter que sair da minha janela. Dali, avisto as águas paradas do rio, e um mar distante que me trará tudo, a seu tempo. Remedeio-me assim, sem ter que me esforçar, pois a minha sorte não mente e o meu corpo é um poço de prazer aniquilando a dor e perfurando espírito. Chegarei aos níveis superiores, sempre que deitar por terra estas loucuras. Outras ocupam ainda a minha mente, e aguardam uma irrepreensível troca de favores. Posso, e quero ser para lá da minha consciência, um mundo de verdades que me farão ver outras, as quais alcançarão a meta traçada. Tomá-las-ei como parceiras, num mundo que cresce nas mãos do destino, ao cobrir a terra com todas as sementes que fizeram de mim uma pessoa, entre tantas as que se conhecem.

Porque, ontem fui talvez um pingo da chuva, hoje ainda sou uma réstia de sol, assim como à noite, poderei ser um sonho vadio a alimentar a noite. Amanhã serei talvez um fio de vento, a querer levantar a raiz de um pensamento morto. Basta-me a semente, o caule, a flor e talvez uma pétala amarela. Basta-me o arado, e a terra. 
Basta-me o sol a nascer dentro dos teus olhos. Bastas-me tu !

ÔNIX in "A Voz do Silêncio"
(Conteúdo do blogue, ao abrigo dos direitos de autor)

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