segunda-feira, 1 de março de 2010

Poeta do Mundo e Para o Mundo

(Foto, Dolores Marques)


A verdade que se encontra no limite, marcando os tempos mortos de um poeta, é sempre aquela que o conduz ao ponto circunscrito, dos que já viveram na imensidão de um mundo, que, cativo às lembranças de um passado, o caracterizam; Poeta das mudanças, as quais, jazem aos pés do poeta que se julga impune, por ter nas mãos a pena de ouro que o levará às alturas, através da catalogação de ideias formando a mutação do tempo que nos circunda..
Não sabermos de nós, quando nos procuramos nas partículas de um ser comum, existente no movimento que segue os corpos, é considerarmos intransponíveis todas as sequências de imagens, de reorganização mental e ser-se imutável nas mudanças de outros mundos.

(Não saberes de mim, no momento certo em que dou conta de ti, é esborratares a vida que te trouxe ao mundo dos vivos e deitares por terra todas as diferenças que nos juntaram, e logo nos afastaram, por não sabermos dos movimentos circunscritos na medula óssea de um qualquer ditame da razão )

Sabes qual é agora a tua verdade?
Será antes de mais, a realidade que te traz do mundo dos mortos, sempre que te ouvires à passagem dos ventos e te identificares com tudo o que conheças e que revele força. Há nela uma gratidão pelo mundo que criou - um mundo que morreu no escuro e se prontificou a ser à luz do dia, o reflexo dum vértice extraído da terra viva e suspenso em matéria inerte, transportado para longe, num espaço alegórico de fundos criativos e folheados em momentos divinos. Será sempre um Poeta da terra e dos céus, aquele que conseguir distinguir as noites dos dias, assim como as verdades que o emanciparam num mundo, que o julgou em tempos, única vertente unificadora e conciliadora. De lá, poderia falar do mundo e para o mundo, se o seu propósito fosse o da unicidade e deixasse de lado os pertences que foram de outros, e por outros que já morreram.

(Ser Homem no meio de tantos os que nem vêm a luz do sol, é ser deus na união de todos os pontos da terra, e pertença de toda a humanidade, devoradora de um mundo que cai já aos pedaços).

1 comentário:

  1. Gostei imenso da força da tua escrita e do teu poderoso critério de poeta e de existência.

    parabéns.

    visita-me em - pensamento azul.

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